Foto : http://bejayarrabaldes.blogspot.com/ |
Foto : https://www.vhils.com/map/beja-portugal/ |
A pergunta foi feita há cerca de um ano, no largo da Pousada, por um casal de turistas espanhóis. Referiam-se ao Monumento ao Preso Político, de Jorge Vieira, que se encontra nesse local. Expliquei-lhes um pouco da história da escultura, bem como do seu autor. Pessoas interessadas, ficaram com pena de não poder aceder ao museu, na altura encerrado, prometendo voltar um dia.
Situações idênticas já tinham ocorrido outras vezes. Ao atravessar o
Jardim Público, um casal de franceses com uma filha pequena pediu-me para lhes
tirar uma foto junto à estátua do Lidador, aproveitando para me questionar quem
era esse “guerrier”, tendo eu narrado um pouco da lenda de Gonçalo Mendes da
Maia. Noutra altura foi um casal de brasileiros, paulistas, que não percebia o
porquê de uma estátua e praça com o nome de Raposo Tavares (nome de uma
importante rodovia que se inicia em São Paulo), para além da Avenida do Brasil.
Para aumentar a “confusão” indiquei-lhes a rua com o nome da sua cidade e
falei-lhes ainda do senador do seu estado (José Hermínio de Moraes) que
presidiu à comissão que em 1966 ofereceu a estátua a Beja e que também tem uma
rua com o seu nome ali bem perto. Pessoas cultas e informadas, não sabiam que
Raposo Tavares era natural do distrito (e não da cidade) de Beja, mas tinham
uma opinião bem formada e consistente sobre o papel desse e de outros
bandeirantes na história do Brasil (para bem e para o mal).
Estas três pequenas histórias vêm a propósito de uma situação que há
muito tempo existe e que poderia ser resolvida (ou atenuada) com algum
investimento municipal. Trata-se da identificação da arte pública existente em
Beja, das mais diversas épocas e géneros, como as atrás referidas, ou outras: esculturas
de João Cutileiro no jardim do tribunal e de Noémia Cruz no Largo de São João,
painéis de azulejos do Jardim Público (recentemente restaurado) e no Núcleo
Museológico do Sembrano (de Rogério Ribeiro), obras de Vhils e de Bordalo II.
Ou ainda identificar as obras de arte que se situam nas rotundas das entradas
da cidade, a exemplo do que existe em outras localidades, como em Tavira. E
assim, muitos dos visitantes ficariam a saber que numa dessas rotundas existe
uma escultura do citado (e consagrado) Jorge Vieira.
Esta informação completaria a que há pouco tempo foi implantada, com a
colocação de 23 totens em locais públicos da cidade, mesmo que não seguisse os
mesmos estilo, design e materiais. Hoje, para um visitante, nacional ou
estrangeiro, praticante do chamado “turismo cultural”, bastaria uma referência
à obra e ao autor, em painéis adequados, com a indicação do site (eventualmente
da própria autarquia), onde se poderia pesquisar informação mais detalhada,
para poder completar os elementos biográficos e artísticos constantes nesses
painéis.
Deste modo, os turistas brasileiros de que atrás falei poderiam, quando
regressassem ao seu país, pesquisar a razão da existência em Beja de uma
estátua de Raposo Tavares, nascido em São Miguel do Pinheiro e falecido em São
Paulo, cidade onde viviam.
Foto : https://www.allaboutportugal.pt/en/ |
17 julho (1ª parte) |
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