Arquivo Fotográfico do Diário do Alentejo

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Estátuas (1) : Que es esto?

Foto : http://bejayarrabaldes.blogspot.com/
Foto : https://www.vhils.com/map/beja-portugal/






A pergunta foi feita há cerca de um ano, no largo da Pousada, por um casal de turistas espanhóis. Referiam-se ao Monumento ao Preso Político, de Jorge Vieira, que se encontra nesse local. Expliquei-lhes um pouco da história da escultura, bem como do seu autor. Pessoas interessadas, ficaram com pena de não poder aceder ao museu, na altura encerrado, prometendo voltar um dia.
Situações idênticas já tinham ocorrido outras vezes. Ao atravessar o Jardim Público, um casal de franceses com uma filha pequena pediu-me para lhes tirar uma foto junto à estátua do Lidador, aproveitando para me questionar quem era esse “guerrier”, tendo eu narrado um pouco da lenda de Gonçalo Mendes da Maia. Noutra altura foi um casal de brasileiros, paulistas, que não percebia o porquê de uma estátua e praça com o nome de Raposo Tavares (nome de uma importante rodovia que se inicia em São Paulo), para além da Avenida do Brasil. Para aumentar a “confusão” indiquei-lhes a rua com o nome da sua cidade e falei-lhes ainda do senador do seu estado (José Hermínio de Moraes) que presidiu à comissão que em 1966 ofereceu a estátua a Beja e que também tem uma rua com o seu nome ali bem perto. Pessoas cultas e informadas, não sabiam que Raposo Tavares era natural do distrito (e não da cidade) de Beja, mas tinham uma opinião bem formada e consistente sobre o papel desse e de outros bandeirantes na história do Brasil (para bem e para o mal).
Estas três pequenas histórias vêm a propósito de uma situação que há muito tempo existe e que poderia ser resolvida (ou atenuada) com algum investimento municipal. Trata-se da identificação da arte pública existente em Beja, das mais diversas épocas e géneros, como as atrás referidas, ou outras: esculturas de João Cutileiro no jardim do tribunal e de Noémia Cruz no Largo de São João, painéis de azulejos do Jardim Público (recentemente restaurado) e no Núcleo Museológico do Sembrano (de Rogério Ribeiro), obras de Vhils e de Bordalo II. Ou ainda identificar as obras de arte que se situam nas rotundas das entradas da cidade, a exemplo do que existe em outras localidades, como em Tavira. E assim, muitos dos visitantes ficariam a saber que numa dessas rotundas existe uma escultura do citado (e consagrado) Jorge Vieira.
Esta informação completaria a que há pouco tempo foi implantada, com a colocação de 23 totens em locais públicos da cidade, mesmo que não seguisse os mesmos estilo, design e materiais. Hoje, para um visitante, nacional ou estrangeiro, praticante do chamado “turismo cultural”, bastaria uma referência à obra e ao autor, em painéis adequados, com a indicação do site (eventualmente da própria autarquia), onde se poderia pesquisar informação mais detalhada, para poder completar os elementos biográficos e artísticos constantes nesses painéis.
Deste modo, os turistas brasileiros de que atrás falei poderiam, quando regressassem ao seu país, pesquisar a razão da existência em Beja de uma estátua de Raposo Tavares, nascido em São Miguel do Pinheiro e falecido em São Paulo, cidade onde viviam.
Foto : https://www.allaboutportugal.pt/en/



  
17 julho (1ª parte)


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