Arquivo Fotográfico do Diário do Alentejo

terça-feira, 10 de maio de 2016

Contributo cidadão : três questões e uma opinião.

Porque há mais vida para além do depósito da água (difícil é tirar ideias fixas de certas pessoas); porque entendo a participação dos cidadãos na vida da sua comunidade não só como um direito, mas também como um dever (tal como em Atenas, há 2500 anos); porque a Assembleia Municipal é (ou devia ser) a ágora , onde eleitos deviam discutir tudo (mesmo tudo) o que diz respeito à polis; porque entendo a presença (e eventuais intervenções) dos munícipes como muito importante e sinal de vitalidade da cidadania.
Por tudo isto, participei, mais uma vez, como membro do “público” (designação de que não gosto, preferia antes “intervenção dos munícipes ou dos cidadãos), na última Assembleia Municipal de Beja, realizada no dia 28 de abril, onde tive a oportunidade de colocar três questões e emitir a minha opinião, sobre assuntos que dizem respeito a todos.
Quanto às respostas, direi que os dois vereadores cumpriram os “serviços mínimos”, ou seja, fiquei um pouco mais esclarecido, mas não tanto como gostaria. De resto, de assinalar a ausência do presidente da câmara (o que já não é novidade para ninguém), quer na assembleia, quer na própria Câmara Municipal.
As questões :
1.  “Requalificação/ligação da Rua da Lavoura e inserção ao IP2” (deve ser lapso, já que se trata do IP8)
Esta é a designação dada a uma das obras que a CMB incluiu na consulta pública (de que falarei mais à frente), o que é redundante, uma vez que a elaboração do projeto parece  já ter sido adjudicada        ( http://www.base.gov.pt/base2/rest/documentos/181629 ). Sobre esta obra (a requalificação da rua), nada contra, já quanto à ligação ao IP8, várias questões se colocam :
- justifica-se criar mais um acesso à cidade, ainda por cima neste local? Que vantagens traz?
- ainda que se fale no realojamento das famílias de etnia cigana que ai residem, foi tido em conta a existência nessa rua de oficinas, armazéns, comércio e até de uma escola (Santa Maria), esta nas proximidades?
- foram tidos em conta alguns estrangulamentos no trânsito, já hoje existentes (como na curva do lavadouro) e que irão aumentar com o maior número de veículos a passar nesses locais?
- foi tida em conta a confluência dessa rua com uma rotunda (da estação), já de si complicada, com um trânsito oriundo da Rua D.Afonso III?
Rua da Lavoura
Lavadouro  
2.  Construção do Centro de Arqueologia e Artes.
Anunciado ainda no mandato anterior, financiado pelo Fundo Jessica em mais de 2 milhões de euros, este espaço cultural tinha como objetivo albergar um núcleo arqueológico e o Museu Jorge Vieira, como se podia ler nesta notícia de janeiro de 2015 (https://arqueologiadascidadesdebeja.pt/category/noticias/ ).
- Só que, nos últimos tempos, parece que o projeto inicial foi alterado e o edifício irá destinar-se apenas à arqueologia. Confirma-se esta informação?
- Se se confirma, o Museu Jorge Vieira irá continuar no espaço da Rua do Touro, perdendo-se uma oportunidade de se valorizar as ricas coleções doadas pelo artista a Beja?
- Na notícia atrás referida, é referido que no Centro de Arqueologia irá haver zonas para tratamento e depósito do espólio arqueológico. Não é possível colocar essas valências na Rua do Touro, de modo a integrar a coleção de J.Vieira no novo espaço?
- É ou não verdade que a coexistência de dois espaços museológicos num mesmo edifício constitui uma mais valia, que valorizará ambos (há exemplos, como o Museu Picasso, em Málaga)?
- Existe alguma memória descritiva/programa do edifício (que já está em obras) e que possa ser consultado?
Futuro Centro de Arqueologia e Artes

3.  Opções para as remodelações das redes de águas e saneamento, pela EMAS/CMB.
Têm sido efetuadas algumas intervenções nas redes, quer em algumas freguesias rurais, quer em bairros da cidade, o que justifica, certamente, tendo em conta a sua degradação, que se agrava com o passar dos anos.
Há, no entanto, outras, que deixam algumas dúvidas, nomeadamente quanto à prioridade das zonas escolhidas, relativas a outras, aparentemente mais necessitadas.
- Assim, que critério esteve presente no anúncio das obras nas ruas de Angola, 5 de Outubro, 25 de abril, Heróis de Dradá, deixando para trás uma das zonas mais degradadas, com ruturas e fugas de água permanentes, para além das ruas completamente degradadas (ruas Morais Sarmento, Tenente Sanches de Miranda, Sebastião de Jesus Palma, entre outras)?
- Está prevista, a curto ou médio prazo a intervenção neste local, “esquecido” aquando das grandes obras do último mandato e que abrangeram apenas a Jaime Palma Mira e a Coronel Brito Pais?


Rua Tenente Sanches de Miranda


A opinião sobre a consulta pública levada a cabo pela Câmara Municipal de Beja ( http://www.cm-beja.pt/displaynoticia.do2?numero=3822 ).

Uma iniciativa à partida meritória que, não se enquadrando no tradicional formato do “orçamento participativo”, permite a participação dos munícipes, dando a sua opinião sobre as prioridades do que deve ser feito nas comunidades onde vivem.
Há, no entanto, algumas reservas e dúvidas que se colocam :
a)      A quantidade de obras enunciadas é de tal modo grandiosa (e ambiciosa) – mais parece um levantamento exaustivo de tudo o que há para fazer no concelho – que a sua concretização decorreria em vários mandatos (2,3,4…), partindo do pressuposto de que haveria financiamentos para a sua realização, já que através do orçamento municipal tal é inviável.
b)      A metodologia seguida não parece ser muito coerente, compara-se o que não é comparável : grandes obras (reparação de estradas, intervenção em redes de águas e saneamento), com outras mais pequenas, que até podem ser realizadas por administração direta (parque infantil, polidesportivo, jardim).

c)      Para concluir (e talvez o mais importante de tudo), criam-se expectativas nas populações, que podem não ser concretizadas, criando naturais desconfianças em futuras auscultações. Imaginemos, por exemplo, uma freguesia que “vota” em três propostas e que, passados alguns anos, não vê nenhuma ser realizada. Que credibilidade tem, para as pessoas que aí vivem, futuras iniciativas do mesmo género?

quinta-feira, 5 de maio de 2016

5 de maio de 2016 : Feriado Municipal ignorado.




Hoje, 5 de maio, Quinta-Feira de Ascensão (Dia da Espiga) é o Feriado Municipal de Beja, tal como em outros concelhos da região e do país  (serão 29, no total).  Feriado móvel ( 40 dias depois do Domingo de Páscoa), faz parte da História e do Património Religioso e Cultural desses municípios, tal como acontece nos outros feriados municipais ( razão porque se mantiveram intactos, quando o anterior governo suprimiu quatro, agora repostos).
Ao longo dos anos, o também (incorretamente) chamado “Dia da Cidade” tem sido comemorado das mais variadas formas, normalmente através das chamadas “Festas da Cidade” ou “Festas de Beja”, com iniciativas culturais, desportivas, lúdicas e com a cerimónia pública da atribuição das Medalhas de Mérito Municipal, conferindo a dignidade que a efeméride merece.
Acontece que, em 2016, o Feriado Municipal de Beja vai passar praticamente despercebido, só se notando pelos serviços, escolas e comércio encerrados. Não há uma só referência a esta data, na Agenda Cultural, no site ou na página do Facebook da Câmara Municipal, num lamentável desleixo, que faz com que a própria cerimónia da entrega das medalhas pareça estar na clandestinidade, dado que não são divulgados o local e a hora da mesma.
A desvalorização deste dia vai mais longe, dado que não foi preparado o mínimo programa ( nem precisava de ser muito exigente ), para assinalar a data. Duas iniciativas (uma delas noticiada de véspera) e nada mais, é o que vai acontecer.
Até não era muito difícil, bastava ir à programação de maio e elaborar um programa específico que marcasse as comemorações do Feriado Municipal. Sem ser exaustivo (e deixando de fora algumas iniciativas), aqui fica uma proposta, meramente pessoal, que se iniciava precisamente ontem, com a magnífica Festa do Azulejo ( e respetiva exposição, na Casa da Cultura ) e terminava no domingo, dia 15 :
Dia 4 – Festa do Azulejo ; 5 – Jogos Tradicionais, 100% Fitness, Caminhada no Penedo Gordo, Entrega das Medalhas ; 7 – Passeio pedestre na Trindade, Mercado das Flores, Hélder Moutinho (que podia muito bem ser no dia 4 ou no dia 5) ; 11 - Trio de Cordas ; 12 – Mil e uma histórias, Mil e uma noites ; 13 e 14 – Festa das Maias ;  14 – Futebol – CD Beja / Sportig CP (veteranos), Dynamic Jazz 5Thet ; 15 – Corrida Cidade de Beja.
É claro que isto é apenas um exercício, aleatório, do que poderia ser uma programação, limitada no tempo para não parecer exaustiva ( correndo o risco de deixar de fora o Encontro de Coros, a Beja Romana, ou o início do Festival de BD, entre outros) mas, como se disse atrás, seria uma forma simples e digna de comemorar o Feriado Municipal. E, cereja no topo do bolo (caso fosse possível) seria a apresentação em Beja, no dia 8, da Orquestra Gulbenkian, com Mário Lajinha como solista, no final de uma curta digressão que a vai levar a Braga, Viseu, Vila Real e Castelo Branco, nos dias 4, 5, 6 e 7, respetivamente, depois de já ter passado por Marvão, Almada, Setúbal, Coimbra e Alcobaça.
Fica, assim, a frustração e o desencanto de um “esquecimento” que não devia ter existido e que não acontece apenas por falta da imaginação, mas sim por uma grande insensibilidade ao que é a memória, a cultura e o património de uma cidade e do seu concelho. Para isso não suceder, é preciso “sentir” Beja e, com atitudes destas ficamos a conhecer melhor a insensibilidade de quem governa o Município neste momento.
Para compensar, aqui fica uma moda alusiva à data :

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Será que a central de 300 mil euros já produz massas asfálticas?



No dia 25 de março do ano passado, a EMAS comprou uma Central de Massas Asfálticas (http://www.base.gov.pt/base2/rest/documentos/102581 ), compra essa noticiada no boletim municipal de abril ( https://issuu.com/cama…/…/beja_informa____o_abril_2015_issuu ). Na nota de abertura, o Presidente da Câmara dizia que a central estava "em fase de instalação", o que se repetia na notícia, na página 5, e que se esperava em 2015 "executar pavimentações em vias de todo o concelho". Algum lapso deve ter sucedido nesta informação, já que, no dia 25 de junho, o Lidador Notícias escrevia que a central chegara afinal no dia 12 desse mês ( http://www.lidadornoticias.pt/beja-central-de-massas-asfal…/) e que estava “em fase de montagem, ‘alheia’ às polémicas políticas”. Uns dias antes, o jornal Publico revelava outros dados sobre a central : tinha 20 anos de uso e a sua compra não estava abrangida por qualquer garantia, em caso de avaria ( https://www.publico.pt/…/empresa-de-aguas-de-beja-endividou… ). Este facto foi desvalorizado pelo Presidente da Câmara que, na Assembleia Municipal realizada no dia 29 de junho “... referiu que esta central de massas, apesar da idade, não é nenhuma peça/maquinaria de alta especialização, isto é, tem motores com uma durabilidade enorme e pode trazer grandes benefícios para o Concelho (…) Acrescentou que a central está praticamente montada faltando apenas alguns aspetos para começar a funcionar. Está a equacionar-se também a hipótese de adquirir uma britadeira (…)" ( http://www.cm-beja.pt/…/Asse…/2015/Ata_n_4_am_2015-06-29.pdf ).
Ou seja, treze meses depois da sua aquisição, dez meses depois desta afirmação do autarca na Assembleia Municipal, a pergunta que se impõe é : a central que custou 300 mil euros já começou a produzir as massas asfálticas? É que várias ruas da cidade e estradas municipais (Santa Vitória-Mina da Juliana, por exemplo), bem que necessitam de reparações urgentes. Quem sabe se na próxima assembleia, no final de junho, a resposta seja afirmativa e o investimento já tenha começado a dar os seus frutos (independentemente de polémicas, sejam elas quais forem).
Boletim Municipal - Abril de 2015

Ruas da minha cidade


Não, não se trata do bonito poema de Joaquim Pessoa, interpretado pela voz única de Carlos Mendes (antes fosse) https://www.youtube.com/watch?v=lA7CoYnw5fE , mas sim do estado lastimável em que se encontram algumas das ruas por onde os bejenses circulam diariamente.
Em primeiro lugar, apenas algumas das muitas "crateras" das ruas João de Deus (entre as avenidas Vasco da Gama e Fialho de Almeida), Eça de Queirós e da própria Fialho de Almeida (falta a Vasco da Gama, que também tem uns bons "buraquinhos"). Dois invernos já passaram e, pequenos remendos temporários deixaram na mesma (ou pior) estas vias por onde circulam muitas viaturas nos dois sentidos.
No segundo caso, são as várias ruas da zona das Alcaçarias) : piso irregular e gasto, buracos, frequentes ruturas e fugas de água (algumas reparadas mais de uma vez), poças de água quando chove, lama nas paredes, portas e janelas, de tudo um pouco existe, complicando a vida dos residentes e dos automobilistas. Para quando a intervenção de fundo nesta zona, que há muito se justifica?

Rua João de Deus

Rua Eça de Queirós

Av. Fialho de Almeida

Rua Morais Sarmento

Rua Tenente Sanches de Miranda

Largo das Alcaçarias