TODAS AS VIDAS NUM PALCO
2005 - 17 DE JUNHO - 2015
No fim do ano de 1990 o Cine-Teatro, então propriedade da Lusomundo encerra as suas portas, em parte devido à degradação das suas instalações, em parte pela concorrência que o aluguer de vídeos introduzira e que fazia cair o número de espectadores de cinema, desde 1952 a principal actividade da sala.
Após alguns anos de incertezas (será templo religioso? será espaço comercial?), é adquirido pela Câmara Municipal e, desde logo foi decidido que continuaria a ser o equipamento cultural que era desde 1928.
Em 1999, o Ministério da Cultura, dirigido por Manuel Maria Carrilho, anuncia o programa "Rede Nacional de Teatros e Cine-Teatros", que visava a recuperação de salas antigas e a construção de novas, de modo a cobrir o território nacional de um conjunto de equipamentos culturais modernos, que permitissem a difusão das artes do espectáculo e a consequente promoção cultural dos cidadãos, quebrando com a tradicional macrocefalia cultural de Lisboa e permitisse uma efectiva descentralização.
Assim, através de um financiamento tripartido ( fundos comunitários, Município de Beja e Ministério da Cultura ), foi possível recuperar o Pax Julia, sonho adiado dos bejenses, até ao dia 17 de junho de 2005.
Tal como aconteceu em Beja, outros teatros já tinham sido inaugurados e outros sê-lo-iam nos anos seguintes, uns recuperados (Aveirense, Avenida - Castelo Branco, Teatro Circo - Braga), outros construídos de raiz ( Municipais de Bragança, Vila Real, Guarda, Teatro das Figuras - Faro ).
Por isso, não é de estranhar que, vários desses teatros tenham comemorado ou vão fazê-lo, o seu 10º aniversário. Porque, comemorar essa efeméride é uma forma de :
- valorizar o papel do teatro na promoção cultural das cidades e das regiões;
- reconhecer o trabalho dos profissionais que aí trabalharam e/ou continuam a trabalhar;
- promover a auto-estima da população local, que se orgulha desse equipamento cultural;
- compreender a importância da Cultura para a afirmação da cidade, na região e no país.
Tudo isto está bem expresso em algumas opiniões reproduzidas pelo Correio da Manhã, aquando da inauguração do Pax Julia :
"MUITO ORGULHO" (Antónia Dias, reformada) “Há 35 anos que vivo ao lado do Pax Julia e é com muito orgulho que o vejo agora renovado e de cara pintada. Era uma tristeza muito grande ter este vizinho degradado e a cair de velho, depois de tantos anos a fazer-nos sorrir com as suas matinés.”
"VESTÍAMOS A MELHOR ROUPA" (Carlos Figueira, reformado) “Lembro-me muito bem de como eram aqueles tempos. Ir ao cinema era uma festa. Vestíamos a nossa melhor roupa e lá íamos nós para o Pax Julia. Ainda me lembro do primeiro filme que aqui vi. Foi o ‘Zé do Telhado’ e na altura paguei na altura 5 escudos.”
"SAUDADES DO ANTIGO" (Emília Ramoa, reformada) “É com muita saudade que recordo o antigo Pax Julia. Lembro-me perfeitamente das tardes no cinema e do convívio que havia antes, no intervalo, e no final das sessões de cinema. Foi sobretudo a saudade que me fez vir à inauguração.” http://www.cmjornal.xl.pt/cultura/detalhe/de-volta-a-cultura.html
Assim, vários são os teatros que comemoraram o 10º Aniversário, a maioria através da realização de espectáculos, acompanhados pela divulgação da efeméride:
3 jan 2014 - Municipal de Bragança - Orquestra Filarmonia das Beiras, com a soprano Isabel Alcobia e o tenor Carlos Guilherme. Edição de um livro com a história dos 10 anos do teatro);
19 mar 2014 - Municipal de Vila Real - Rodrigo Leão;
17 set 2014 - Micaelense (Ponta Delgada) - Win Mertens;
25 abr 2015 - Municipal da Guarda - Rita Guerra;
20 jun 2015 - Municipal de Estarreja - Jafumega+Orquestra Filarmónica das Beiras;
30 jun 2015 - Municipal de Faro - Michael Nyman.
E em Beja, como foi comemorado o 10º Aniversário da reabertura do Pax Julia? A resposta é, infelizmente, não foi.
E até havia uma hipótese. Por coincidência, certamente, hoje mesmo há um concerto no teatro, ainda por cima fruto de uma louvável parceria com outra instituição cultural relevante, o Conservatório Regional, como se pode ler no blogue do Pax Julia :
Após alguns anos de incertezas (será templo religioso? será espaço comercial?), é adquirido pela Câmara Municipal e, desde logo foi decidido que continuaria a ser o equipamento cultural que era desde 1928.
Em 1999, o Ministério da Cultura, dirigido por Manuel Maria Carrilho, anuncia o programa "Rede Nacional de Teatros e Cine-Teatros", que visava a recuperação de salas antigas e a construção de novas, de modo a cobrir o território nacional de um conjunto de equipamentos culturais modernos, que permitissem a difusão das artes do espectáculo e a consequente promoção cultural dos cidadãos, quebrando com a tradicional macrocefalia cultural de Lisboa e permitisse uma efectiva descentralização.
Assim, através de um financiamento tripartido ( fundos comunitários, Município de Beja e Ministério da Cultura ), foi possível recuperar o Pax Julia, sonho adiado dos bejenses, até ao dia 17 de junho de 2005.
Foto de Eduardo Franco |
Por isso, não é de estranhar que, vários desses teatros tenham comemorado ou vão fazê-lo, o seu 10º aniversário. Porque, comemorar essa efeméride é uma forma de :
- valorizar o papel do teatro na promoção cultural das cidades e das regiões;
- reconhecer o trabalho dos profissionais que aí trabalharam e/ou continuam a trabalhar;
- promover a auto-estima da população local, que se orgulha desse equipamento cultural;
- compreender a importância da Cultura para a afirmação da cidade, na região e no país.
Tudo isto está bem expresso em algumas opiniões reproduzidas pelo Correio da Manhã, aquando da inauguração do Pax Julia :
"MUITO ORGULHO" (Antónia Dias, reformada) “Há 35 anos que vivo ao lado do Pax Julia e é com muito orgulho que o vejo agora renovado e de cara pintada. Era uma tristeza muito grande ter este vizinho degradado e a cair de velho, depois de tantos anos a fazer-nos sorrir com as suas matinés.”
"VESTÍAMOS A MELHOR ROUPA" (Carlos Figueira, reformado) “Lembro-me muito bem de como eram aqueles tempos. Ir ao cinema era uma festa. Vestíamos a nossa melhor roupa e lá íamos nós para o Pax Julia. Ainda me lembro do primeiro filme que aqui vi. Foi o ‘Zé do Telhado’ e na altura paguei na altura 5 escudos.”
"SAUDADES DO ANTIGO" (Emília Ramoa, reformada) “É com muita saudade que recordo o antigo Pax Julia. Lembro-me perfeitamente das tardes no cinema e do convívio que havia antes, no intervalo, e no final das sessões de cinema. Foi sobretudo a saudade que me fez vir à inauguração.” http://www.cmjornal.xl.pt/cultura/detalhe/de-volta-a-cultura.html
Assim, vários são os teatros que comemoraram o 10º Aniversário, a maioria através da realização de espectáculos, acompanhados pela divulgação da efeméride:
3 jan 2014 - Municipal de Bragança - Orquestra Filarmonia das Beiras, com a soprano Isabel Alcobia e o tenor Carlos Guilherme. Edição de um livro com a história dos 10 anos do teatro);
19 mar 2014 - Municipal de Vila Real - Rodrigo Leão;
17 set 2014 - Micaelense (Ponta Delgada) - Win Mertens;
25 abr 2015 - Municipal da Guarda - Rita Guerra;
20 jun 2015 - Municipal de Estarreja - Jafumega+Orquestra Filarmónica das Beiras;
30 jun 2015 - Municipal de Faro - Michael Nyman.
E em Beja, como foi comemorado o 10º Aniversário da reabertura do Pax Julia? A resposta é, infelizmente, não foi.
E até havia uma hipótese. Por coincidência, certamente, hoje mesmo há um concerto no teatro, ainda por cima fruto de uma louvável parceria com outra instituição cultural relevante, o Conservatório Regional, como se pode ler no blogue do Pax Julia :
Dia 17
Música
21h30
CONCERTO PIANO E VIOLINO – Temporada de Concertos CRBA 2015
Co-Produção Conservatório Regional do Baixo Alentejo / Câmara Municipal de Beja
E, afinal, até não era difícil, bastava associar esse concerto à efeméride, fazer uma notícia no portal, na página do Facebook, na newsletter semanal da autarquia; uma nota de Imprensa; uma faixa na fachada do teatro; um folheto para distribuir em vários locais da cidade.
Mas nada disso foi feito. A Câmara Municipal de Beja pura e simplesmente ignorou.
E a pergunta que se coloca é : porquê? Por desconhecimento? Por esquecimento? Por insensibilidade? Ou pelas três razões juntas? Que cada um tira as suas conclusões. As minhas, um dia destes publicarei.
Para concluir : em 2005 o Museu Jorge Vieira - Casa das Artes comemorou também o seu 10º aniversário. Para além de vários eventos alusivos à efeméride, foi publicado um livro que retrata precisamente o que foram esses profíquos e intensos dez anos no campo das Artes Plásticas.
Outros tempos, outras pessoas, outras vontades.
Sem comentários:
Enviar um comentário