Nos países com uma história mais recente, fruto da
colonização de povos oriundos de várias partes do mundo ( como é o caso, por
exemplo, dos Estados Unidos e do Brasil ), existe, por parte dos seus habitantes,
uma grande vontade em conhecer as suas raízes. Este fenómeno é menos comum nos
países como Portugal, com uma história mais longa, e em cujo território se
estabeleceram povos tão diversos como os romanos, os visigodos ou os
muçulmanos.
A não ser alguns descendentes de famílias nobres,
dificilmente qualquer português conseguirá ir muito longe na sua genealogia,
isto se conseguir encontrar os registos paroquiais dos seus antepassados mais
remotos.
Há algum tempo, numa pesquisa efectuada na internet, tive
conhecimento da existência de um blogue intitulado “Família Victoria” ( http://familiavictoria.blogspot.pt/
), da autoria de um cidadão brasileiro, Arthur Victoria da Silva, natural e
residente no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil.
Neste blogue, como o nome indica, procura-se reconstituir a
família Victoria, desde a sua origem, até à actualidade, reconstituição essa
acompanhada por vários episódios marcantes ao longo dos quase 230 anos da sua
existência.
De facto, segundo informações recolhidas por Arthur
Victoria, a família teve origem no casamento, em 1783, na localidade do
Estreito, nesse estado, de Francisco José de Santa Victoria com Ana Joaquina de
Jesus.
A noiva era descendente de açorianos, o que não é de
estranhar, visto serem originários dessas ilhas atlânticas muitos dos
povoadores dessa parte do Brasil, sobretudo na segunda metade do século XVIII.
Há quem até considere os açorianos como o povo mais importante na colonização
do Rio Grande do Sul, e talvez não seja por acaso que um dos mais importantes
prémios culturais desse estado, atribuído pela prefeitura da capital, Porto
Alegre, tenha precisamente o nome de “Açorianos”.
Quanto ao noivo, de acordo com o que Arthur Victoria
escreveu no seu blogue “… deve ter sido militar que lutou contra os espanhóis
[guerras pelo controle de territórios nas actuais fronteiras do Brasil e do
Uruguai] e resolveu estabelecer-se no Estreito”. O mais curioso, no entanto, é
a sua origem. Citando de novo o blogue, “Francisco José de Santa Victoria,
conforme registros de nascimentos de seus herdeiros, era nascido na Freguesia
de Santa Victoria, em Beja, Portugal”, vindo daí o apelido que iria dar origem
à família.
Família que, diga-se em abono da verdade, foi bastante
numerosa, começando neste casal, que teve 10 filhos que, por sua vez, vieram
igualmente a reproduzir-se também em quantidades apreciáveis. Ainda que hoje
haja descendentes dessa família espalhados em várias partes do Brasil, a grande
maioria radicou-se em localidades gaúchas, nomeadamente em Capão do Leão,
município com cerca de vinte e cinco mil habitantes, “emancipado” há apenas
trinta anos da cidade vizinha de Pelotas. Um dos membros da família – Getúlio
Victoria – exerceu por duas vezes as funções de prefeito desse município, em
1985 e em 1993.
Para completar o puzzle, faltava apenas a confirmação da
data (que se presume ser 1756) e o local do nascimento do alentejano que deu
origem a esta família, o que me foi solicitado por Arthur Victoria.
Só que, infelizmente, nem no Arquivo Distrital de Beja, nem
no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, se encontram os livros dos registos
paroquiais de 1731 a 1771. Existe um hiato, não se podendo comprovar os
registos de nascimentos, casamentos e óbitos da freguesia de Santa Vitória
nesse período.
Ficou, assim, por provar, a verdadeira origem de Francisco
José, o que não invalida a hipótese da existência de raízes alentejanas na
família Victoria, fundada no século XVIII, no estado brasileiro do Rio Grande
do Sul e que, periodicamente, se reúne para confraternizar.
27 Julho |
Encontro dos Victoria, em 15 de Abril de 2010 / fotos de Idylio Roberto :
Meus caros, estou tentando localizar o Idylio Roberto Victoria, pois fui amigo de infância dele em Pelotas. Alguém me ajuda? Meu nome é Rômulo de Jesus Dieguez de Freitas, e-mail romulo@maja.net.br e celular (54) 8151-1852. Grato
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