No
passado dia 21 de Maio, nove entidades da nossa região (Associação de
Municípios, Instituto Politécnico, Turismo do Alentejo, as associações de
empresários, comerciantes e agricultores, entre outros), reuniram-se com um
objectivo bem definido : defender o Aeroporto de Beja, como complemento ao de
Lisboa, a chamada “solução Portela + 1”, de que se tem falado ultimamente. Essa
defesa foi, nomeadamente, expressa num documento entregue ao primeiro-ministro.
Uma
boa notícia, sem dúvida, quando essas entidades, representadas por pessoas com
posições e interesses diferentes, se unem em torno de uma causa comum, a defesa
de um equipamento que tão atacado e denegrido tem sido.
Este
exemplo é, no entanto, uma excepção à regra que, infelizmente, tem vigorado
quando se trata de lutar pelos direitos das populações do nosso território. É
que são muitos os exemplos que exigiam a unidade e não a divisão, deixando de
lado o acessório e privilegiando o essencial.
Basta
olhar à nossa volta e deparamo-nos com uma espécie de “síndroma dos 50 (ou 60,
ou 70)”: faltarão cerca de 50 km para nos ligarmos à A2, cerca de 60 de linha
férrea electrificada, até Casa Branca, cerca de 70, para concluir a ligação ao
Algarve, via IC 27, ou ainda os 60 da “esquecida” EN 260, até à fronteira de
Ficalho. Estamos a falar, é claro, de ligações rodo/ferroviárias a partir de
Beja, mas outros muitos outros exemplos existem, no distrito e na região, nessa
e noutras áreas, que exigem essa unidade, sem complexos nem preconceitos,
sobretudo os de natureza político-partidária.
Tal
como o fizeram os seus colegas de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, que se
juntaram ao movimento cívico que reivindica o metro do Mondego, para substituir
o desactivado ramal da Lousã, também seria muito bom vermos os autarcas de
Beja, Cuba, Alvito, Viana do Alentejo, Vendas Novas, unidos, ao lado dos
cidadãos que lutam pelas ligações directas a Lisboa, por comboio; ou os de
Beja, Mértola, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real, lutando por um IC 27,
amputado há muitos anos e que tarda em avançar para além dos 40 km já
construídos; ou ainda os de Beja, Ferreira, Grândola, Alcácer, Santiago e
Sines, juntos pela A26, que tão tarde arrancou e que vai parando e avançando
aos soluços.
É
claro que estes são apenas alguns exemplos, que não são exclusivo dos actuais
executivos municipais, mas que reflectem aquilo que atrás foi escrito: quando
se trata de defender os interesses das populações, as cores partidárias devem
ficar de lado, para que se fale a uma só voz, perante os poderes instalados na
centralista e macrocéfala Lisboa (sejam eles de que partido forem).
Finalmente,
tão importante como a acção intermunicipal, deve ser a actuação dos políticos
locais e regionais (autarcas e deputados), perante esses poderes lisboetas. E
aí, infelizmente, temos assistido a maus exemplos, protagonizados por eleitos
que mudam de posição, consoante o seu partido está ou não no poder. Falamos, é
claro, dos partidos do chamado “arco do poder”, PS e PSD e, nada melhor para
ilustrar estas mudanças, do que a luta pela electrificação da linha férrea e
pelo Intercidades Beja-Lisboa, e as posições tomadas ao longo dos meses por
esses políticos.
Daria,
certamente, para uma ou duas crónicas de jornal, mas, para exemplo, refiro
apenas a errática (e oportunista) postura do actual presidente da câmara de
Beja, bem documentada em vários suportes mediáticos – rádios, tvs, jornais,
internet, etc.
Começou
por aceitar e defender a proposta da CP, que previa a solução do transbordo em
Casa Branca, induzindo em erro, mais tarde, a população de Beja, ao escrever no
boletim municipal que iria haver cinco intercidades diários. Quando surgiu o
movimento dos cidadãos (mais tarde, o Beja Merece), a sua primeira posição foi
desvalorizá-lo (no dia 19 de Janeiro de 2011, em entrevista ao Jornal da Tarde
da RTP), tratando esse assunto como algo de um qualquer “movimento”, em vez de
lhe exprimir o seu apoio.
Esse
“apoio” (ou colagem) só chegou uma
semana depois, quando os cidadãos de Beja se manifestaram pela primeira vez no
largo da estação (o famoso “assalto à estação ferroviária”). Com cerca de 500
pessoas presentes, claro que o presidente da câmara não podia “perder o
comboio” e deixar de aparecer na primeira linha da luta.
Finalmente,
para terminar esta novela trágico-cómica, não faltou o recado paternalista,
deixado numa entrevista a um jornal local (14 Outubro 2011), em jeito de
reprimenda a um grupo de irresponsáveis que estavam a afastar os investidores,
com a sua luta “contra o fim dos comboios” (coisa que só pela sua cabeça deve
ter passado).
Para concluir, apetece apenas dizer: “apoios”
desses, não obrigado.8 Junho |
Um dos cinco "intercidades" a que JPV se referiu |
Infelizmente, lá diz o ditado "quem muito fala pouco acerta" e se falar fora de tempo ainda acerta menos. Temos o presidente que nos deram e que eu não escolhi.
ResponderEliminarA.Fernandes