Antes |
Depois (foto : CEC Vítor Cruz) |
Prólogo :
1864 – chegada
do comboio a Beja ; 1889 – ligação ferroviária Faro-Beja-Barreiro (entre 1864 e
2004, era efetuado um transbordo no Barreiro, para a ligação fluvial a Lisboa).
2004 – início
da ligação direta Beja-Lisboa, através da Ponte 25 de Abril , em comboios
intercidades, rápidos e confortáveis. 2010 – suspensão desta ligação, devido
aos trabalhos de eletrificação do troço Bombel-Évora. 1990 – encerramento do
ramal de Moura (em funcionamento desde 1902); 2011 – fim da ligação
Beja-Funcheira.
1º Ato : Janeiro 2011.
Dia 7 – A CP
anuncia, em comunicado para a Agência Lusa, o fim da ligação direta
Beja-Lisboa, substituída por uma viagem em automotora até Casa Branca, seguida
de transbordo para o comboio intercidades vindo de Évora. Dia 18 – Reunião
pública na biblioteca de Beja, para discussão do tema e formação de um grupo de
cidadãos, com vista ao regresso da ligação direta e à eletrificação da linha
até Casa Branca. Dia 26 – Concentração da população junto à estação da CP de
Beja (repetida no dia 14 de Fevereiro).
2º Ato : Fevereiro/Março 2011.
16 Fev –
Entrega da petição com 15071 assinaturas (mais 3561 online) ao Presidente da
Assembleia da República, Jaime Gama; reuniões com os grupos parlamentares e com
o Conselho de Administração da CP.
3 Mar –
Reunião com a Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e
Comunicações.
25 Mar –
Reunião com o Secretário de Estado dos Transportes (Governo de José Sócrates),
Correia da Fonseca. Proposta do grupo de cidadãos : que, dos anunciados cinco
comboios Évora-Lisboa (acabaram por ser quatro), dois partissem de Beja, ainda
que em locomotivas diesel, ou mistas; que a linha Beja-Casa Branca fosse
eletrificada.
Resposta do
SE: veria com Conselho de Administração da CP se era possível retomar as duas
ligações diretas propostas; quanto à eletrificação não podia comprometer-se,
porque ia haver eleições e um novo governo.
3º Ato : Julho 2011.
Dia 24 – Reinício das ligações ferroviárias a Lisboa. Confirmava-se
que Beja perdia a ligação direta à capital.
Dia 26 – Reuniões com os grupos parlamentares e com a
Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas.
Dia 29 – Reunião com o Secretário de Estado das Obras Públicas
e Transportes (Governo de Passos Coelho),
Sérgio Monteiro.
Propostas do grupo de cidadãos: as mesmas feitas ao anterior SE.
Resposta : governo iria elaborar plano de transportes, para ser incluindo no
Portugal 2020, onde a eletrificação da linha Casa Branca-Beja poderia ser
incluída. De imadiato, comboios diretos fora de questão.
3º Ato : Abril 2014.
Apresentação
do PETI (Plano Estratégicos dos Transportes e Infraestruturas) - seis mil
milhões de investimentos em vários campos, ferroviário, rodoviário, portuário e
aeroportuário. Entre Évora e o Algarve, ficava um imenso deserto, onde apenas
constavam o IP8 (15 milhões) e o Aeroporto de Beja (3 milhões).
4º Ato : Fevereiro 2016.
Após as eleições de 2015, o governo de António Costa apresentava um
plano ferroviário para o período 2016-2020 que, em linhas gerais, recuperava o
PETI de 2014 : um investimento de 2700 mil euros, dos
quais 1600 mil de fundos comunitários, em várias linhas – Minho, Norte, Algarve
e Beira, que previa a eletrificação de 741 quilómetros, num total de 1193
intervencionados. Uma vez mais, nem um
euro para os 60 quilómetros da ligação Beja-Casa Branca e para o retomar das
ligações ferroviárias diretas a Lisboa.
5º Ato : Abril 2018.
Anunciado o
plano de reprogramação do Portugal 2020 : na ferrovia previa-se um reforço de
quase 300 milhões de euros. Destino : metros de Lisboa e Porto, linha de
Cascais e “sistema de mobilidade do Mondego”. Mais uma vez, o “ramal” (que já
foi núcleo central da Linha do Alentejo) Beja-Casa Branca a ficar de fora.
Epílogo anunciado (??) : Junho de
2018.
“Governo deixa Douro e Alentejo de fora dos investimentos
para 2030”, foi este o título de um jornal diário sobre um assunto já antes
abordado pelo Diário do Alentejo. Muito embora essa notícia tenha sido “corrigida”
mais tarde, no sentido de que, no passado dia 19 apenas se procedeu ao “…lançamento
do debate público sobre os investimentos estratégicos para a próxima década…” (o
chamado PNI – Programa Nacional de Investimentos 2030), não deixa de ser preocupante
ler-se que, nesse programa, dos vinte projetos de investimento previstos no
setor ferroviário mais uma vez não consta Beja-Casa Branca, uma linha “… que se arrisca a ficar uma “ilha” não
electrificada a sul do Tejo, comprometendo a sua viabilidade e arriscando o
encerramento “ (Carlos Cipriano, Público).
Chegados
aqui, e face à progressiva degradação a que se tem assistido nos últimos tempos
(bem documentada nas redes sociais), com constantes atrasos e avarias, que
culminaram há poucos dias com a eliminação (temporária ?) do comboio
Évora-Lisboa, substituído por automotoras, deteriorando ainda mais a viagem de
e para Beja, a pergunta que se coloca é se há ou não, neste tema, aquilo que tem
faltado desde há sete anos. A vontade política de quem decide (três parlamentos
e três governos), para que torne realidade, de uma vez por todas, algo que, de
tão anunciado, já pouco crédito vai merecendo entre os bejenses: a “paixão”
pelo interior, tão evocado quanto esquecido e a diminuição das desigualdades
entre territórios.
29 maio 2018 |
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