Arquivo Fotográfico do Diário do Alentejo

domingo, 18 de outubro de 2015

Um sinal de esperança

Agora que a “poeira” eleitoral assenta e que se vai dar início a um novo ciclo político, com um novo Parlamento e um novo Governo, seria bom que os três deputados eleitos por Beja se unissem e, deixando para trás naturais divergências, elaborassem um documento, curto mas incisivo, que se concretizasse num projeto de resolução ou numa recomendação, com dois objetivos “mínimos”: a eletrificação da linha Beja/Casa Branca e a retoma das obras da A26, entre Beja e Santa Margarida do Sado. São, de facto, mínimos, estes objetivos, porque, na realidade, muito mais há a fazer: prolongar a A26 até Sines, concluir o IC27, entre Beja e Alcoutim, retomar a ligação ferroviária Beja/Algarve, etc.
Mas, a curto prazo, e para que não se argumente que não há dinheiro para tudo isto, ao menos que se concretizem essas duas obras, no momento em que se retomaram as do IP2 e que, cumprindo decisão judicial, o Estado foi obrigado a sinalizar e vedar as obras interrompidas da A26 e que punham em causa a segurança dos cidadãos, sinal de que, afinal, até se encontraram as verbas necessárias.
Quando, em 26 de julho de 2011, pouco depois das eleições, um grupo de militantes do movimento de cidadãos “Beja Merece” se deslocou à Assembleia da República, como já o fizera uns meses antes, ouviu, da boca de dois deputados da nova maioria (Hélder Amaral e Luís Menezes), uma frase que não prenunciava nada de bom: “Não há dinheiro para obras”. Três dias depois, Sérgio Monteiro, o novo secretário de Estado dos Transportes, embora reafirmando essa opinião, ainda avançou com a promessa de realização de um estudo sobre a viabilidade da eletrificação da linha e a melhoria da ligação ferroviária a Lisboa (na altura, o objetivo dessas reuniões). Nem mesmo a petição assinada por mais de 17 mil cidadãos alterou a situação, sendo reprovados os três projetos de resolução votados pelos deputados em setembro desse ano.
E, desde então, até agora, se a nível das ligações rodoviárias algo foi feito, quatro anos depois estamos na mesma (ou pior) nas ligações ferroviárias. Daí a premência do documento referido no início, ainda por cima quando uma das mais importantes obras da A10 até vai ser terminada. Refiro-me aos 10 quilómetros que vão ser construídos a partir da A2, aproveitando a nova ponte sobre o rio Sado, como alternativa à travessia da velhinha ponte de Santa Margarida e desta localidade. Ou seja, se a ligação entre Beja e a A2 era de 50 quilómetros, ela diminui para 40, num território onde as pouco significativas obras de arte (pontes e viadutos) estão semiconstruídas e não há grandes obstáculos naturais que tornem essa obra demasiado cara.
Por outro lado, os bejenses não desistiram (ainda) de utilizar o comboio e, se efetivamente houver vontade política, certamente que não será essa obra que irá onerar excessivamente os cofres do Estado (lembremo-nos, por exemplo, de certas obras anunciadas em outras regiões do País, que irão custar muitos, muitos, milhões mais).
Quer uma, quer outra destas duas “pequenas” obras têm, ainda, uma outra mais-valia, a ligação do aeroporto a outras regiões do País em melhores, mais rápidas e confortáveis condições, fator decisivo para o aproveitamento dessa infraestrutura que tão esquecida tem sido.
Por isso, aqui fica o repto a Pedro do Carmo, João Ramos e Nilza de Sena: sentem-se à mesa e elaborem esse documento, que traga um sinal de esperança para todos os que aqui vivem, provando que, mais do que as naturais diferenças político-partidárias que os separam, deve uni-los a defesa dos interesses dos cidadãos que os elegeram e que vão representar no Parlamento. Beja (a cidade e a região) merece.

9 de outubro













  


  


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