Arquivo Fotográfico do Diário do Alentejo

domingo, 31 de julho de 2011

Resposta à mistificação da CP sobre as ligações ferroviárias Beja-Lisboa

Parte final de um extenso documento entregue aos deputados e ao Secretário de Estado:

"A CP aproveitou o reinício destas ligações ferroviárias, para lançar um conjunto de ideias mistificadoras do que efectivamente vai fazer :
a)      Refere que as novas automotoras, “modernizadas”, têm um conforto “equivalente” aos comboios intercidades. Basta viajar nos dois, para verificar que isso não é verdade. Por outro lado, omite deliberadamente a existência do transbordo em Casa Branca, o que não se verificava no Intercidades Beja-Lisboa, até Maio de 2010. Ou seja : as ligações actuais pioraram relativamente às que tínhamos há pouco mais de um ano;
b)      Refere que a viagem entre Beja e Lisboa irá durar menos de quatro a cinco minutos. Esquece-se, mais uma vez, dos passageiros : de que serve um ganho de poucos minutos, comparado com o incómodo de quem tem de mudar de comboio, sobretudo se vai com muita bagagem, ou se se trata de um passageiro idoso e/ou com dificuldades de locomoção?
c)       Refere que aumenta o número de ligações diárias e são apresentados novos horários. Não fala, deliberadamente do aumento relativamente aos preços praticados em Maio de 2010 : um bilhete de segunda classe passou de 11,5€ para 13,5€ (em caso de ida e volta, o aumento ainda é maior : de 19€ para 25,5€). Ou seja, por um serviço em piores condições, com parte da viagem em automotora e com um transbordo, pagamos mais 17%. Com a agravante destes preços irem subir já no dia 1 de Agosto.
d)      Por outro lado, a CP continua a passar ao lado da modernização, já que continua a não ser capaz de emitir um bilhete único para uma ligação com transbordo. Assim, para uma viagem Beja-Lisboa, emite dois bilhetes, um de Beja para Casa Branca (regional) e outro de Casa Branca para Lisboa (intercidades), o que, tal como acontecia anteriormente, encarece o preço final. Até Maio de 2010, uma ligação directa em segunda classe custava 11,5€, enquanto que a mesma ligação, com transbordo, custava 14€.
e)      Finalmente, desta má gestão da CP resulta uma falta de competitividade que, inevitavelmente, vai afastar as pessoas dos comboios : por exemplo, para viajar pela CP de Beja para Coimbra, um passageiro, além de efectuar dois transbordos, tem de pagar três bilhetes, com um custo total de 30€. A mesma viagem, feita em autocarro expresso, com apenas um transbordo, custa apenas 19€, o custo de um único bilhete.

É por tudo isto que o movimento dos cidadãos criado na reunião aberta realizada no dia 18 de Janeiro considera que não é nenhuma vitória o reinício das ligações ferroviárias no passado dia 24 e que não são os pretensos “aspectos positivos” ( que, afinal, não passam de uma grande mistificação por parte da CP, incompreensivelmente, acompanhada por alguns responsáveis locais), que vão desmobilizar os cidadãos de Beja e da nossa região de lutar pelas três reivindicações, que sabemos justas :
- a manutenção da ligação directa Beja-Lisboa, em comboios intercidades, sem transbordos;
- a electrificação da Linha do Alentejo;
- a continuidade da ligação ferroviária ao Algarve, pela Funcheira."
Foto (excelente) de Rui Eugénio : o Intercidades Beja-Casa Branca (na versão da CP)

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