Arquivo Fotográfico do Diário do Alentejo

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Ponte sobre o Tejo - artigo de José Moedas (1961)

José Moedas, excelente jornalista, homem das Letras e da Cultura, não só de Beja mas de todo a Alentejo, escreveu em 1961 um artigo para a revista Alentejo Ilustrado, que se publicava na nossa cidade.
Pela sua actualidade, transcrevemos parte desse artigo, intitulado"A Ponte sobre o Tejo - Sonho de muitas gerações" :
O assunto que vamos abordar nesta secção não pertence ao grande número dos que dizem directamente respeito ao Alentejo, ou nele tem realização. Todavia, de tal modo o Sul do País (Alentejo e Algarve) dele colherá múltiplos, evidentes e notórios benefícios nos campos social, comercial, turístico e económico, que se torna forçoso conceder-lhe em "Alentejo Ilustrado" o galarim a que tem inegável direito, classificando-o mesmo como "coisa" do Alentejo.
Como em epígrafe, logo elucidamos, estamos a referir-nos à projectada e já adjudicada obra da ponte sobre o Tejo, ligando rodoviariamente as duas margens do maior rio que rega os campos da  antiga Lusitânia, entre a capital portuguesa e Almada, a "cidade-satélite" de Lisboa(...)
(...) Do tipo de ponte suspensa, esta obra impôr-se-á pela sua formidável importância económico-social e pela beleza e arrojo da moderna concepção das suas linhas.
Conforme consta do projecto, com duas elegantes e imponentes torres altaneiras, tocando o Tejo a uma altura de 190 metros acima do nível do rio e distando entre si cerca de um quilómetro, esta ponte será a quinta entre as maiores de todo o mundo (...)
(...) A ponte será destinada apenas ao tráfego rodoviário, embora o projecto permita, no futuro, a adaptação ao trânsito de comboios - para o qual se hão-de gastar mais cerca de setecentos mil contos.
Apontam alguns técnicos (e devem ter a sua razão) um grave erro : ter-se relegado para segundo plano - plano a muito longo prazo, é indiscutível - o que talvez importasse atender em primeiro lugar - o trânsito rodoviário *. Todavia, a obra é de tal modo gigantesca e benéfica que seria injusto (mais do que injusto, absurdo) negar-lhe a sua importância decisiva como instrumento de progresso da zona a sul do Tejo.
Só por isso, mais que não fosse, o Alentejo deverá estar sumamente agradecido.
                                                                                                                                 JOSÉ ANTÓNIO MOEDAS
Alentejo Ilustrado, nº 18, Março de 1960. pág. 3


* tendo em conta o contexto da frase, pensamos que, por erro de revisão, está referido rodoviário quando, na realidade, o autor deveria querer referir-se a ferroviário.

  







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